sexta-feira, 29 de julho de 2011

Apologética Agnóstica #3: ATEA desiste de pelejar com empresas de ônibus e lança cartazes polêmicos em outdoors de Porto Alegre

Um dos preceitos que para nós, "não-teístas" defendemos com veemência, é a absoluta laicidade do Estado brasileiro. Infelizmente, para nós, vide pesquisas, os ateus (e infelizmente os agnósticos também, pessoas menos informadas sequer sabem diferenciar uma coisa da outra ¬¬) são a classe mais detestada do país. Nas nossas paragens, ao contrário de outros países desenvolvidos, como a Inglaterra, a organização de grupos (como eu poderia dizer) "pró não-teístas" (provavelmente isso é ortograficamente incorreto, mas não consegui achar um termo certo, azar) é inócua. Aqui no Brasil, há mais de dois anos, a partir de uma sentença proferida em rede nacional por um jornalista sensacionalista, preconceituoso e desprovido de ética jornalística (que mudou de emissora, mas continua dizendo abobrinha), a ATEA (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, que não necessariamente me representa, fique aqui bem claro) resolveu replicar no Brasil a famosa campanha do ônibus, que atingiu grande sucesso em países como Inglaterra e EUA.


O referido ônibus inglês, com a frase "Provavelmente Deus não existe - Agora pare de se preocupar e apoveite a sua vida"

A campanha consiste em peças publicitárias lançadas em ônibus com o intuito de "reduzir a intransigência com os ateus" (leia-se: Proselitizar o ateísmo, lembrem-se de que quem está por trás da campanha do ônibus da Inglaterra é a British Humanist Association, cujo líder é o "filósofo" e sociobiólogo Richard Dawkins, considerado o "guru" do neo-ateísmo).
Desde 2008, a ATEA, tenta lançar campanha semelhante em algumas capitais brasileiras, mas acabaram sendo vetados pelas associações de transportes. Só agora, na começo do mês de julho, começaram a ser exibidos os primeiros outdoors da campanha em Porto Alegre (que a meu ver, foi um atraso, a ATEA provavelmente achou que teria o mesmo sucesso dos ingleses, cuja religião principal do país está em visível decadência e tem os ativistas ateístas mais famosos do mundo, como o já citado Dawkins e Christopher Hitchens, além de ter contato forte com outros ateus americanos como Sam Harris e Daniel Dennett).


Para piorar, a campanha nacional padece de problema semelhante à campanha da Inglaterra: não há exaltação à laicidade do Estado ou à tolerância entre credos, apenas ataques à religião cristã próprios dos neo-ateístas (tá vendo o que eu falei? Apesar de ter "agnóstico" na sigla eles não me represantam? Tsc, tsc, tsc...). Vejamos os cartazes:


1) Apesar de concordar com a sentença do cartaz "Religião não define caráter", o problema na ilustração é a "polarização forçada de valores". Por um lado, temos Adolf Hitler representando os teístas (uma aplicação clássica da Lei de Godwin) e Charles Chaplin (que era ateu por ser comunista, ao contrário dos ateus "dawkinistas" e a maioria dos ateus comtemporâneos, o fato dele ter sido um cineasta de sucesso em nada torna-o melhor na matéria de moral) como defensor dos ateus. Aliás, se ser ateu é ser "mais bom caráter" porque Stálin (comtemporâneo de Chaplin) é reconhecido hoje como "genocida" e "autor de crimes contra a humanidade", se ideologicamente, ele era ateu que nem o Chaplin?
2) Este segundo trata-se de uma crítica ao fundamentalismo extremista dos teístas, além de tentar minar a ética teísta. Além de partir do pressuposto de que "em nome de Deus e da moral da sua religião é possível cometer atrocidades contra os 'inimigos' " (que na prática, quase todo teísta que você perguntar isso vai negar veementemente), ele faz na ilustração um "apelo à emoção" com a imagem do avião antes de se chocar com a 2ª torre. Afinal, dizer que os fanáticos são os caras da "outra religião herege do outro lado do mundo" é muito fácil, não é mesmo?
3) A velha crítica de que a fé teísta existe para suprimir a razão (o velho argumento de fanáticos evolucionistas, como o Dawkins).... Embora, eu, como agnóstico, considero o fideísmo como insuficiente para demonstrar a verdade, vejo que, em dados momentos da história, homens teístas fizeram avanços importantes para o desnvolvimento do conhecimento científico (não que eu seja favorável ao Criacionismo, bem entendido).
4) Em primeiro lugar, há uma ofensa ao Cristianismo e ao Hinduísmo (Jesus Cristo e Krishna são reduzidos a mitos, juntamente com Hórus, que é "um deus morto"; ambos os cultos são reconhecidos como "mitos regionais", sendo que desde Paulo de Tarso, o cristianismo é internacionalizado; insinua-se a teoria mostrada no filme Zeigeist que Jesus Cristo seja um mito de uma divindade internacional, cuja história foi construída a partir de outras deidades veneradas na Eurásia). Em segundo lugar, a frase do cartaz é uma comum falácia ateísta usada para "jogar as religiões umas com as outras". Se a diferença do ateu pro teísta é que "o ateu não acredita em um deus a menos", isso ainda assim não justifica a tolerância entre teístas e ateus, ainda mais depois de tamanha desconsideração à religião alheia proporcionada pela ilustração do cartaz.

2 comentários:

  1. Eu não sou atéia e sei respeitar a opinião dos outros.O único cartaz que eu "concordo" é o "religião não define caráter" sem imagens porque ficou apelativo.Mas uma vez o brasil tenta copiar uma coisa "importada" e dá em merda,porque eles simplesmente não criam sua rópias campanhas.

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  2. Que bom que você entendeu o que eu disse ^^ 1)Liliane, você é favorável à Marcha pelo Estado Laico?
    2)Se você não é atéia, qual a sua cosmovisão? Por favor, especifique.

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